segunda-feira, 6 de julho de 2015

Os resultados das avaliações em pequena e larga escala na RME e a ação docente

“Pensar e pensar que pensamos são coisas iguais”. (Descartes)

Luzanilde Oliveira Aguiar*

Se for pedido a qualquer pessoa o conceito de avaliar, de alguma forma, será expresso, porém, mais do que conceituar, é preciso refletir em que critérios a avaliação, seja ela objetiva ou subjetiva, pessoal ou profissional, tem sido alicerçada. É importante ressaltar que, sem critérios, ocorre o que infelizmente tem sido frequente no ambiente escolar: uma avaliação realizada sem considerar aspectos importantes do processo de construção do conhecimento discente.

A exemplo do que foi dito no parágrafo anterior, pode-se pontuar a divergência entre os resultados de Português, história, geografia e ciências, etc. Em português, o aluno possui nota 8, em história 3. Se considerarmos que para saber história, o indivíduo necessita utilizar-se de habilidades relacionadas à Língua Portuguesa, como:
interpretar e compreender textos, codificar, entre outras, podemos dizer que há incoerências. É possível que seja justificado que os resultados são completamente destoantes por conta da falta de domínio do conteúdo de história, nesse caso, é preciso refletir sobre a importância do trabalho interdisciplinar, como também, pensar
sobre a organização dos tempos, visto que, apesar de ser natural que, num processo de alfabetização, o docente se preocupe muito com as questões inerentes à leitura, escrita, produção e raciocínio lógico, não é admissível tamanha disparidade. Se, é preciso alfabetizar e ao mesmo tempo assegurar que os alunos tenham no mínimo noções de história, geografia, ciências entre outras, faz-se necessário que as atividades alfabetizadoras deem conta também dos conteúdos pertencentes a essas áreas.

Na perspectiva de uma avaliação mais justa, vale a pena rever o percurso metodológico, como também, perceber que a importância que o professor trata as demais áreas, deve ser considerada no momento de avaliar a aprendizagem das mesmas. Não é possível, aprovar em português, por exemplo, e reprovar em ciências, não trabalhar consistentemente o conteúdo de geografia e cobrá-lo com veemência. Contudo, não está sendo solicitado que os alunos sejam aprovados incoerentemente, o que se pede, é que haja uma melhor organização do trabalho pedagógico para não incorrermos em contradições.

É preciso contribuir para o desenvolvimento de um processo avaliativo que, segundo Luckesi (2015), considere quatro elementos de extrema importância para aquisição do conhecimento por parte do educando:

1. Acolhimento do aluno, sabido ou sem saber, calado ou falastrão, quieto ou inquieto, etc;

2. Nutrição do aluno com conteúdos interessantes e significativos; *Superintendente Pedagógica da Secretaria Municipal de Educação e Esportes – Juazeiro - BA

3. Garantia do tempo para o aluno aprender – talvez ele não aprenda na primeira investida do professor, é preciso assegurar outras oportunidades de aprendizagem;

4. Avaliação – confronto entre o que se sabe ou não para que o caminho seja refeito.

Luckesi ainda acrescenta: “A avaliação deve ser usada como consciência”O filósofo alemão Friedrich Hegel abordou a consciência como um “crescimento dialético”, que atinge um nível transcendente, alcançando a sua superação.

Numa relação avaliação – consciência, é possível dizer que, torna-se imprescindível travar um diálogo entre teoria, discurso e prática, porque mais do que dizer que ensina e avalia baseado no que ensinou, é necessário refletir sobre pra que tem servido a avaliação no processo individual de ensino: é pra fazer aprender ou pra disciplinar? É pra amedrontar ou pra fazer pensar? É pra preparar ou pra somente verificar? É pra ajudar a avançar ou pra punir?

Se, em todo esse processo, usarmos a avaliação como consciência, transcenderemos e alcançaremos um alto nível de superação, em especial, no que diz respeito, ao nosso trabalho de semeadura e colheita de aprendizagens.