quinta-feira, 25 de junho de 2015

Festa Junina: diversão popular e apelo turístico

 Junho é o mês para participar de uma das mais populares tradições brasileiras, a festa junina. Ou festas juninas, no plural, já que são comemorados durante o mês os dias de três santos que inspiraram a celebração: Santo Antônio, no dia 13, São João, no dia 24, e São Pedro, no dia 29 de junho. A proximidade entre as datas faz do mês um dos mais festivos do calendário brasileiroAs festas juninas são realizadas em todo o país, principalmente na região Nordeste e nos estados de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Goiás. As festas podem ter detalhes específicos de acordo com cada localidade, entretanto, algumas características são praticamente onipresentes em qualquer uma delas, como o cardápio típico (com canjica, quentão, milho cozido, curau, pé de moleque...), os figurinos (vestidos de chita, camisas quadriculadas, chapéus de palha), a decoração (bandeirinhas de papel coloridas dependuradas), brincadeiras (como pescaria, cadeia e pau de sebo), músicas e danças (forró e quadrilhas, especialmente), fogueiras (cada santo tem uma de um formato) e fogos de artifício (de inocentes estalinhos a barulhentos rojões). Os balões aquecidos, muito comuns no passado, foram proibidos recentemente por conta do risco de causarem incêndios.
A festa junina foi trazida para o Brasil pelos portugueses no período da colonização. Antigamente, a festa era conhecida como joanina, em homenagem a São João. Em partes da Europa, antes mesmo de o mês estar ligado aos santos, festas pagãs celebravam Juno, deusa da fertilidade, com fogueiras e festejos, em comemoravam à chegada do verão no hemisfério norte. Em solo brasileiro, as festas juninas ganharam características locais, incorporando tradições (como danças e alimentos) de matriz africana e indígena.

As festas mais famosas estão ligadas a igrejas, clubes sociais ou associações comunitárias. Entretanto, algumas extrapolam esses espaços e são realizadas em locais que comportem um maior número de pessoas. É o caso das duas mais famosas festas juninas do Brasil, a de Caruaru, em Pernambuco, e a de Campina Grande, na Paraíba, que reúnem, cada uma, mais de 2 milhões de pessoas por ano.

Em ritmo de festa junina

As festas juninas têm um grande apelo turístico e movimentam anualmente milhões de reais. De maio até julho, fogueiras, dança de quadrilhas, forró, quermesses e muita comida regional aumentam o fluxo de turistas e movimentam a economia de diversos municípios Este ano, o Ministério do Turismo acatou o pleito do São João de Maracanaú (CE), no valor de R$ 300 mil, e o do São João de Campina Grande (PB), com projeto de R$ 200 mil.

As festas de Caruaru, em Pernambuco, e Campina Grande, na Paraíba, estão entre as mais movimentadas do país – e duram cerca de um mês. As condições as levaram a disputar o título de “O Maior São João do Mundo”. O evento de Caruaru começou no dia 30 de maio e segue por junho. Já a festa paraibana se estende até o dia 5 de julho.

Em Caruaru, a festa com 364 shows deve resultar, nos cálculos da prefeitura da cidade, em movimentação financeira de R$ 246 milhões, e gerar seis mil empregos diretos e indiretos. Já o São João de Campina Grande deve reunir dois milhões de pessoas e, segundo a prefeitura, repetir o sucesso do ano passado, quando a cidade recebeu, além de visitantes do Nordeste e do Sudeste, turistas da Espanha, França e Estados Unidos.

No Rio Grande do Norte, o São João de Mossoró (município localizado a 280 km de Natal), conhecido como Mossoró Cidade Junina, entrou para o calendário de eventos do Ministério do Turismo. Os números expressivos da festa justificam a inclusão. No ano passado, segundo a prefeitura, a festa recebeu cerca de dois milhões de visitantes em 22 dias e movimentou R$ 10 milhões na economia local.

Se no Carnaval tem o Pré Caju, em junho tem o Forró Caju. Assim, a sergipana Aracaju se posiciona no circuito dos grandes eventos juninos, que se espalham pelas capitais e pelo interior do país. Entre as marcas registrada das comemorações do São João pode-se citar a valorização da culinária, que tem no milho um de seus principais ingredientes, da vida interiorana e dos artistas regionais, convocados para animar festas que vêm crescendo, e se profissionalizando a cada ano.
Curiosidade juninas
Em arraial que se preze, não pode faltar fogueira, comidas típicas, bandeirinhas e quadrilha. Neste Dia de São João, conheça a origem de algumas das tradições das festas juninas Cardápio

O período junino é propício para a colheita do milho, que acaba aparecendo em várias receitas, como curau, canjica, pamonha, pipoca, cuscuz e bolos. Arroz doce, amendoim, paçoca, pinhão, broa de fubá, cocada, pé de moleque, quentão e maçã do amor também fazem parte do cardápio, assim como opções menos sazonais, como cachorro quente, espetinhos de carne, pasteis e salsichão. Para beber, quentão (bebida com vinho, gengibre, açúcar, cravo e canela) é a pedida.

Fogos, bandeiras e mastro

Era comum na celebração dos santos que grandes bandeiras com suas imagens fossem confeccionadas. As bandeiras eram colocadas em água, para quem se banhasse com ela ficasse protegido. Com o tempo, essas bandeiras diminuíram de tamanho, dando origem às bandeirinhas coloridas de hoje em dia. A queima de fogos era uma maneira de “acordar” São João no dia de sua celebração, 24 de junho. Outra tradição ligada ao santo é o levantamento do mastro: na noite de seu nascimento, a mãe de João, Isabel, prima da Virgem Maria, mandou levantar um mastro e acender uma fogueira, para avisar a Maria, que morava nas redondezas, que o filho havia nascido. As capelinhas, comuns em muitas festas juninas, também vêm dessa tradição: foi um presente de Maria para o sobrinho.

Música 

A quadrilha tem origem francesa, numa dança de salão praticada pela nobreza, a quadrille, difundida no Brasil no século 19. Muitas expressões usadas na quadrilha vêm do francês: “anarriê” vem de “en arrière”, que significa “de volta”; alavantú veio de “en avant tous”, ou “todos para frente”; e balancê veio “balançoire”, balançar. Com o tempo, a quadrilha foi recebendo influências de movimentos de danças de matriz africana e indígena e se estilizando. Dançar forró também é comum nas festas juninas, especialmente no Nordeste brasileiro. O recordista de arrecadação de direitos autorais no período das festas juninas é o cantor Luiz Gonzaga, autor de várias composições que cantam as tradições juninas. Na época do lançamento filme biográfico sobre o rei do baião, Gonzaga – De pai para filho, a produção do longa metragem lançou um vídeo contando a origem das festas juninas, que você pode assistir abaixo: 


Ela surgiu pagã, virou cristã, ganhou referências ao longo do tempo e hoje é a segunda festa mais comemorada do Brasil.
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