segunda-feira, 27 de maio de 2013

Alfabetização: cubo mágico da educação

 Luzanilde Oliveira Aguiar*

O indivíduo que já teve a oportunidade de brincar com um cubo mágico, entende que a tarefa principal é fazer com que cada lado desse brinquedo possua apenas uma cor. Provavelmente o inventor do brinquedo, por mais que tentasse, não tenha conseguido captar todas as sensações vividas por quem conseguiu atingir a meta e este, por sua vez, nunca tenha parado pra refletir o que motivou o inventor do referido brinquedo a criá-lo e a dar ao mesmo uma funcionalidade tanto recreativa quanto motora e cognitiva. Ao analisar esses aspectos, percebe-se que os mesmos estão presentes no âmbito educacional.
Um dos cubos mágicos da educação é a ALFABETIZAÇÃO, que hoje não pode estar dissociada do LETRAMENTO, visto que, o indivíduo não só aprende a codificar e decodificar símbolos, mas utilizando-se desses mecanismos, decifra o mundo em todos os seus ângulos. Assim como no processo de criação e uso do brinquedo em questão, há aqueles que estruturam os caminhos e aqueles que, bem orientados, vencem as etapas e, há também, as diferentes sensações que cada um: orientador e orientado sentem nesse percurso. As ditas sensações podem proporcionar no primeiro, o desejo de fazer mais e melhor para assegurar que a alfabetização e o letramento ocorram e no segundo, o desejo de continuar desvendando as faces do conhecimento, pois, conforme KRAMER (1986),
"a alfabetização é um processo ativo de leitura e interpretação, onde a criança não só decifra o código escrito, mas também o compreende, estabelece relações, interpreta. (...) É também por meio desse processo que uma criança descobre que a palavra escrita é mais uma forma de expressar as coisas, ideias e sentimentos".
A tarefa de fazer cada lado do cubo ficar numa cor demandou do criador planejamento para que as estratégias pensadas funcionassem de forma a estimular a capacidade mental do jogador. No processo de aquisição da leitura e da escrita não é diferente: o educador precisa definir bons procedimentos de intervenção pedagógica que proporcionem ao educando condições de aprender. É importante ressaltar que por mais que existam técnicas e métodos para alfabetizar, o sucesso da utilização dos mesmos estará atrelado às adaptações feitas para atender às necessidades de cada turma, pois, o uso do cantinho com atividades diversificadas, por exemplo, pode funcionar para todos, porém a condução desse trabalho não será a mesma, dependerá de vários fatores referentes às crianças, ao espaço e ao momento em que professor e alunos se encontram. Por esse motivo, não há receita, há caminhos e, caminhos a serem desenhados pelo alfabetizador.
As técnicas ou métodos como o agrupamento produtivo, a monitoria, o uso do alfabeto móvel, a leitura pausada e grifada, a produção coletiva, os cantinhos, etc. são objetos com forma definida, porém a intervenção que se deve fazer a partir do uso desses objetos é subjetiva e, para ocorrer, demanda do professor responsabilidade com seu fazer pedagógico e conhecimentos relacionados à prática de alfabetizar para que este, habilmente, possibilite ao aluno uma maior aproximação com o código escrito e, consequentemente, com o letramento escolar. Portanto, para desvendar o segredo do cubo mágico "alfabetização", a primeira ação do educador mediador deve ser o estudo das teorias que fundamentam o processo de alfabetização, visto que, é essencial entender os mecanismos pelos quais o indivíduo aprende para contribuir efetivamente na concretização dessa aprendizagem.
O segundo passo é a organização de uma rotina de trabalho que contemple os vários aspectos inerentes ao sujeito, são eles: afetivo, cognitivo e social, traduzidos através dos quatro pilares da educação:
Em terceiro lugar está a elaboração de instrumentos próprios para acompanhamento das evoluções dos alunos, pois, apesar de existirem mecanismos institucionalizados, o educador precisa de uma visão mais detalhada do processo vivenciado pelos seus alunos a fim de agregar à prática alfabetizadora elementos necessários ao progresso dos mesmos. Conclui-se que, assim como o cubo mágico possui características desafiadoras, o processo de alfabetização está vinculado aos desafios que tanto educador quanto educando precisam superar e vencer. 
Referência:
KRAMER, Sônia. Alfabetização: dilemas da prática. Ed. Dois Pontos, São Paulo, 1986.